Reflexão empírica num aeroporto da vida



"Saboreava a impressão de liberdade que lhe davam, ao mesmo tempo, o fato de haver-se livrado da bagagem e, mais intimamente, a certeza de n"ao ter mais que aguardar a sequëncia dos acontecimentos, agora que se "enquadrara", colocara no bolso o cartão de embarque e declinara sua identidade.(...)Hoje, não é nos locais superpopulosos, onde se cruzam, ignorando-se, milhares de itinerários individuais, que subsiste algo do encanto vago dos terrenos baldios e dos canteiros de obras, das esta~c"oes e das salas de espera, onde os passos se perdem, de todos os lugares de acaso e de encontro, onde se pode sentir de maneira fugidia a possibilidade mantida da aventura, o sentido de que só se tem que "deixar acontecer"?"

Trecho de prõlogo do livro "Não-lugares", de Marc Auge.

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